quarta-feira, 25 de junho de 2014

Conheça a história da Joalheria Árabe

Os povos antigos da Península Arábica prosperaram como ponto de interseção das rotas de comércio do mundo, como mercadores de seus próprios recursos naturais – de início incenso e mirra - e como compradores de mercadorias de terras distantes. A Península, com o florescimento do comércio, tornou-se porta de entrada para o Oriente. As trocas comerciais passaram a envolver, tempos depois, especiarias, sedas, marfim e outras mercadorias preciosas com o Egito e os países que bordejavam o Mediterrâneo.





Com a prosperidade nesta região, veio o gosto por adornos caros e feitos de materiais preciosos. Não somente os ricos mercadores mas também as mulheres das tribos beduínas eram grandes consumidores de ornatos preciosos. Na tradição árabe, as jóias representam mais do que uma ornamentação corpórea. Para as mulheres beduínas, suas jóias simbolizam status sócio- econômico : quando uma mulher se casa, seu dote é parcialmente pago em jóias, as quais ficam sob sua vontade exclusiva, para guardar ou dispor como bem entender. Devido ao estilo de vida migrante das tribos beduínas, as jóias logo se tornaram uma forma segura de transportar riquezas. As jóias de uma mulher simbolizam seu status de mulher casada e mais tarde, o de mãe de família, já que o costume tribal é de se presentear a mãe a cada nascimento de um filho.

Na cultura árabe, as jóias têm sido consideradas como possuidoras de poderes mágicos. A turquesa, por exemplo, teria o poder de evitar o mau-olhado. Diz uma lenda popular que a turquesa teria a capacidade física de resplandecer quando quem a usa está feliz e de se tornar opaca quando a pessoa está triste. Outro mito popular seria o de que os pequenos sinos vistos tão freqüentemente em várias jóias árabes protegeriam, com o barulho que emitem ao serem movimentados, de espíritos ruins. Pelos costumes árabes, a cor de certas pedras também teria poderes especiais. Verde, azul e vermelho são consideradas cores protetoras. Por esta razão, a turquesa, a ágata, o coral e pastas de vidro coloridas nestas cores estão dentre os mais populares materiais utilizados em jóias antigas.
Motivos islâmicos permeiam o design das jóias árabes. Jóias em forma de amuletos, contendo minúsculos pedaços de papel com versos do Alcorão são comuns. O desenho de uma mão em colares sauditas tem sido usado como talismã por centenas de anos. O número 5 é o equivalente matemático à mão, assim como também representa os cinco mandamentos do Alcorão.

Ao contrário das mulheres, os homens árabes preferem ornar suas armas e camelos do que eles próprios. Tais ornamentos são considerados uma indicação visual da riqueza, do poder e do status de um homem. Na tradição islâmica, o Alcorão desencoraja a utilização de adornos em ouro pelos homens. Os modernos sauditas utilizam alianças de casamento em prata, para honrar o costumes descrito no livro sagrado.
As crianças árabes também utilizam jóias. Braceletes ou tornozeleiras feitos em prata , freqüentemente decorados com minúsculos sinos, são a escolha mais popular para presentear as crianças. Os som dos sinos, além da crença da proteção, providenciam também uma fonte de entretenimento para os pequenos.
Os artesãos árabes nunca se ressentiram da falta de materiais preciosos para trabalhar. O Mar Vermelho, que bordeja a costa ocidental da Arábia Saudita, tem sido uma fonte inesgotável de coral. Do rosa–escuro ao vermelho, assim como nas cores branca e preta, o coral tem sido utilizado durante séculos, não só como amuleto ou talismã, mas também como objeto decorativo. Na costa oriental, o Golfo Arábico oferece magníficas pérolas. Estes tesouros são usados freqüentemente para adornar jóias em ouro. Jazidas localizadas no sudoeste da Península também oferecem uma grande quantidade de gemas, particularmente as jazidas de turquesa de Makkah.

A prata tem sido a matéria–prima principal dos ourives beduínos e as minas no interior na Península provêm a maior parte da prata utilizada. A fragilidade da prata, facilmente corroída quando exposta ao ar e a temperaturas áridas, é a grande responsável pelo desaparecimento de uma grande quantidade de jóias antigas. Alguns historiadores reportam que quando uma mulher beduína morre, suas jóias são derretidas – parte por causa do fato de que são considerados propriedade pessoal – e atribuem a este fato à pouca quantidade de jóias em prata que chegou até nossos dias. São raros os exemplares de jóias com mais de 80 anos. O ouro, por outro lado, é um material muito mais resistente. Apesar do metal não ser o mais utilizado pelos artesão beduínos, a quantidade de jóias em ouro antigas que chegou até nossos dias é muito maior do que a de prata.
Várias técnicas e processos estão envolvidos na manufatura das jóias árabes. Para a junção de duas peças, a técnica da fusão é a mais usada. O embossing e o repoussésão técnicas decorativas empregadas. 

A granulação também é utilizada, assim como a filigrana. Utilizando-se calor intenso e carbonato de cobre, o artesão produz os fios para a filigrana e as minúsculas esferas da granulação. A confecção de correntes é outra técnica para o trabalho em prata, metal ainda preferido pelos artesãos beduínos: as correntes são variadas no design e na ornamentação. Algumas correntes são feitas somente com elos interligados, outras são elaboradas combinações de elos e gemas, incluindo filigrana e granulação. As técnicas de lapidação dos tradicionais joalheiros beduínos são antigas, sendo as gemas em cabochon as que mais se destacam.

A joalheria beduína é significativa não somente pelas suas qualidades estéticas, mas também pelas influências históricas que sofreu: ao longo dos séculos, tem incorporado técnicas e estilos de diferentes civilizações, algumas já extintas. A combinação de eventos históricos trouxe à Península novas e significativas influências para a arte da joalheria. Segundo historiadores, isto pode ser atribuído ao cruzamento entre a migração e as trocas comerciais havidos na região. Com a expansão de antigas rotas comerciais, surgiram na região novos materiais para confecção de jóias, como o âmbar, e também novas técnicas de confecção, como a filigrana e a granulação, estas adquiridas da antiga civilização egípcia. Com o advento do Islamismo em 622 d.C., os peregrinos vindos da África e da Ásia para visitar as cidades santas contribuíram para o design conhecido como arabesco, que é a conjunção da caligrafia com o estilo decorativo islâmicos.
Atualmente, o design tradicional ainda permanece popular entre as mulheres da Península, mas a grande preferência é pelas jóias confeccionadas em ouro: penduradas nas lojinhas dos souqs, uma grande quantidade de jóias continua refletindo a rica herança de antigas civilizações.

domingo, 22 de junho de 2014

A história dos broches- segunda parte

A história dos broches ainda não terminou por aqui:
no rococó, os laços e as fitas faziam sucesso na decoração das jóias, criando intrincados entrelaces em torno dos broches. Os broches mais usados tinham o design de um bouquet de flores, com as gemas imitando quase à perfeição o colorido das flores e folhas. Os broches utilizados pelas damas no corpete eram, em geral, confeccionados em duas partes, para permitir uma maior mobilidade, já que ocupavam toda a extensão da altura desta parte do vestuário.


No neoclássico, com a volta aos estilos grego e romano, os broches apareceram mais associados a camafeus, agora não só feitos de marfim, mas também em pasta de porcelana ou vidro. A companhia de James Tassie, Glasgow, Escócia, utilizando moldes de coleções de antigüidades ou mesmo de jóias contemporâneas à época, fabricava camafeus de vidro. Em 1791, foram listados em torno de 15.000 diferentes tipos de broches. Eram tão perfeitos que a imperatriz russa Catarina, "A Grande", ordenou a confecção de vários broches para uso pessoal. Com o estilo império, ditado pela ascensão de Napoleão I ao trono da França, os camafeus de pasta de vidro e porcelana continuam na moda, adornados com pérolas e diamantes.

No romantismo e, depois, na belle époque, a descoberta das minas de diamante em Kimberley, Africa do Sul, fez surgir a chamada ‘joalheria branca’: jóias adornadas somente com diamantes e, às vezes, com pérolas. Motivos naturalistas como flores, vinhas, borboletas e gaivotas eram populares. O delicado estilo ‘guirlanda’, de Cartier, foi inspirado em livros da época de Luís XVI e Maria Antonieta. No final do século XIX, pequenos broches adornavam em profusão os corpetes, e também os cabelos.


O estilo art nouveau foi responsável por delicados broches florais decorados com esmaltação plic-à-jour. A flora e os insetos eram fontes de grande inspiração e metais como a platina, o ouro e a prata, e materiais como o vidro e o marfim eram utilizados junto a diamantes, rubis, pedras-da-lua, ágatas, pérolas e safiras, em harmoniosas composições.

Os broches durante o período art decó, identificado pela geometricidade no design e contraste de cores, conseguido pela utilização de gemas como coral vermelho, lápis-lazúli, jade e ônix, tendiam a ser pequenos e eram usados no ombro, em cintos ou chapéus.

Durante a segunda guerra mundial, a indústria joalheira decresceu em produção na Europa. Algumas maisons continuaram a trabalhar em ritmo mais lento, e a Cartier foi uma delas. São famosos os broches que simbolizavam a Paris ocupada pelos alemães e a Paris libertada: o primeiro, um pássaro preso numa gaiola e o segundo, um pássaro cantando com a gaiola aberta. Os motivos naturalísticos predominavam, caracterizados pela assimetria, espontaneidade e movimento: pássaros exóticos, animais e bouquets de flores.

A partir de 1960, a joalharia teve uma significativa mudança, que se reflete até hoje em dia. As grandes maisons joalheiras continuaram a produzir jóias em materiais preciosos seguindo estilos evocados de épocas precedentes, mas surgiram tambémdesigners e artesãos, egressos de escolas de artes, que trabalhavam individualmente. Uma quantidade enorme de novas idéias surgiu e continua surgindo, algumas revolucionárias em quase todos os aspectos, outras mostrando novos estilos, no entanto claramente envolvidas em tradições estabelecidas. Assim como outras peças de joalharia, o broche também tem servido de ‘campo experimental’ para estes novos profissionais: broches confeccionados em espuma dura, papel, plásticos, madeiras, metais diversos e também, claro, em materiais preciosos como o ouro, a platina, o nióbio e a prata, todos com propostas inovadoras e criativas.

sábado, 21 de junho de 2014

Você gosta de usar broches? Então veja a história de como eles surgiram:

O broche desenvolveu-se da antiga fivela greco-romana chamada fibula. A fibula era uma fivela, usada pelos antigos gregos e depois adotada pelos romanos, para segurar e compor os trajes da época. possuía várias formas, mas todas tinham o mesmo mecanismo (alfinete de segurança). A fibula grega do século VII AC, por exemplo, era extremamente decorada, ao longo do seu comprimento, com fileiras de animais (leões, patos ou esfinges). Estes podiam ser soldados no corpo da jóia ou então trabalhados em relevo. A fibula foi largamente utilizada praticamente em todas as regiões, durante a antiguidade.


 Um exemplar persa, também do século VII AC, é decorado com uma mão, fazendo às vezes de alfinete de segurança e dois leões. Os etruscos também utilizaram a fibulae, em tamanhos maiores e decoradas com granulações e figuras de animais em relevo. As conquistas romanas disseminaram o uso da fibula por toda o norte da Europa. Isto permitiu, com o passar dos tempos, no aparecimento de broches cada vez mais elaborados. Por volta da idade média, a fibulae já tinha caído em desuso na Europa.


Os broches têm sido confeccionados nas mais variadas formas e tamanhos. um broche comprido que lembrava a fibula foi utilizado por toda a Europa, do Mar Negro até a Inglaterra, diferindo apenas na ornamentação e no design, de região para região. O broche característico dos francos era a roseta, também chamada de broche circular, ricamente decorado com filigranas. Inicialmente, os povos escandinavos desenvolveram broches baseados na fibulae, mas por volta de 550 DC seus broches passaram a ter identidade singular: os broches do tipo tortoise (século VII DC até início do século XI), trevo (séculos IX a XI) e circular eram geralmente decorados com desenhos simétricos de grande beleza. A decoração em cloisonné e filigrana foi introduzida na Inglaterra pelas tribos teutônicas. com a introdução do cristianismo, aparecem broches em forma de cruzes pendentes, nos quais era evidente a influência carolíngia e bizantina. Um dos mais antigos e singulares exemplares do início da idade média é o broche celta ‘tara’, encontrado nas costas da Irlanda. datado provavelmente do século VII DC, foi confeccionado em bronze branco e consiste em um grande círculo no qual metade do centro é vazada e a outra metade é preenchida por pequenos painéis delicadamente decorados com filigrana. Através de toda a idade média, o broche continuou a ser largamente usado, freqüentemente na forma de um anel no qual o tecido passava pelo centro da peça e era preso por um pino.


Com o passar do tempo e o surgimento de novas técnicas na confecção de jóias, surgiram outras variedades de broches. durante o renascimento, a utilização de jóias se espraiou por toda a Europa. Reis, rainhas, duques e príncipes competiam para mostrar quem se adornava mais ricamente com jóias espetaculares, e o broche foi uma das vedetes desta competição. Podiam ser decorados com gemas coloridas, ou só com pérolas e diamantes, ou ainda, associados a um camafeu. Podiam também ter a forma de estrelas, pássaros, crescentes, animais, folhas, flores e vegetais. Durante o período seguinte, o barroco, a flora foi o grande tema da joalharia, e os broches seguiram a tendência, enfeitando chapéus masculinos e as mangas, os corpetes e os cabelos dos vestidos femininos.