Na joalheria artesanal, existem várias técnicas para decoração de joias, empregadas há centenas ou milhares de anos e ainda utilizadas hoje. Algumas delas têm seus nomes em francês, italiano ou inglês.
ESMALTAÇÃO
Técnica decorativa usada para trazer cores às joias, sem a necessidade das gemas - pode ser decoração secundária ou o foco principal da joia. O esmalte é um composto transparente vítreo colorido com a adição de óxidos metálicos. Em forma de pó, o composto é colocado em cima da superfície metálica a ser decorada e então aquecido, até que derreta e seja fixado na área escolhida. Apesar de ter um alto grau de aderência ao metal, o esmalte é uma forma de vidro e, consequentemente, propenso a rachar ou até mesmo descolar do metal se não aplicado corretamente. Geralmente, uma superfície plana esmaltada terá seu reverso também esmaltado de maneira a balancear as forças de expansão e contração produzidas no metal.
- Cloisonné (do francês cloison = célula, compartimento): técnica de esmaltação criada pelos antigos gregos na qual o desenho a ser decorado na peça de joalheria (em geral em ouro) é feito por células formadas a partir de pequenas grades, nas quais o esmalte é depositado e depois aquecido. As células podem ser niveladas à superfície metálica ou somente polidas, dando ao desenho um aspecto vítreo.
- Champlevé: técnica de esmaltação onde, em vez das células da técnica anterior, o metal é escavado (ou gravado), fazendo com que o esmalte seja depositado nas depressões e, depois de aquecido, permaneça no mesmo nível da superfície metálica. Técnica criada na Antiguidade.
- Basse-taille (baixo-relevo): Variação da técnica champlevé, onde a área escavada do metal é decorada com um design em padrão, podendo ser ele gravado ou em baixo-relevo, e depois recoberto com esmalte translúcido, assim fazendo com que o design seja visto através do composto vítreo. Técnica muito usada pelos antigos romanos.
- Plique à jour: Talvez a técnica de esmaltação mais difícil e também a mais frágil. Diminutas células recortadas na superfície metálica são preenchidas com esmalte transparente, proporcionado o mesmo efeito dos vitrais. Desenvolvida na França e na Itália durante o século XIV e muito usada por artistas durante a Renascença.
Limoges: Técnica de esmaltação que requer conhecimentos de pintura. O esmalte é reduzido a um pó finíssimo e, com um pincel, aplicado à superfície metálica. Como são usadas várias cores de esmaltes, o processo passa por vários estágios de aquecimento. Técnica criada na cidade francesa de Limoges, durante o século XII.
Grisaille: Técnica de pintura com esmalte que usa somente dois tons. O design é feito em esmalte branco sobre uma superfície metálica esmaltada em preto ou azul. Popularizada durante a Renascença, especialmente na França.
FILIGRANA
Esse delicado método de decoração de joias requer paciência e muita habilidade. Finíssimos fios de metal são dobrados, torcidos e tornados chatos: essa é a base da técnica da filigrana. Com essa base, podem ser feitas lindas decorações em joias e, até mesmo, uma peça inteiramente feita em filigrana. A melhor e mais delicada técnica de filigrana é a open-back (fundo aberto). Um dos grandes segredos da filigrana, além da paciência e da criatividade, é a solda que tem que ser feita a uma temperatura que não comprometa os designs formados pelos fios torcidos. A técnica foi criada pelos antigos etruscos e muito usada por ourives da antiga Grécia, especialmente durante o Período Helênico.
GRANULAÇÃO
Exemplos dessa técnica decorativa podem ser encontrados em muitas joias antigas, mas nenhuma delas se igualou à qualidade da granulação criada pelos etruscos (a partir do séc. VI a.C.). Na granulação etrusca, minúsculas esferas de ouro eram afixadas a uma base de metal precioso, em geral ouro, por um método que unia a solda e a fusão. Usando esta técnica, os ourives etruscos eram capazes de realizar maravilhosos e delicados designs com grande precisão.
A técnica aperfeiçoada pelos artesãos etruscos não pôde ser repetida durante 2.500 anos, apesar de várias tentativas feitas por ourives e artesãos ao longo dos séculos. Somente no séc.XIX, o joalheiro romano Fortunato Castellani e seus filhos foram os primeiros, depois de várias pesquisas em joias antigas, a conseguir repetir a técnica etrusca da granulação.
GRAVAÇÃO (baixo-relevo)
A técnica da gravação é talvez a técnica decorativa mais utilizada na joalheria, e a mais antiga, quando se trata de decoração de superfície de metais preciosos. Ainda assim, foi preciso o domínio da metalurgia do ferro, metal superior ao bronze em relação à dureza e a abundância de jazidas (as primeiras indicações de sociedades com nível cultural e tecnológico correspondente à Idade do Ferro surgiram no século XII a.C. no Oriente Próximo, na Índia, na África e na Grécia. Em outras regiões da Europa, o início da Idade do Ferro deu-se mais tarde, a partir do século VIII a.C.) para que surgissem as ferramentas necessárias para a técnica da gravação. Algumas das ferramentas mais usadas são os rolos ou cilindros para gravação: dois rolos ou cilindros de aço (inicialmente, de ferro) contendo desenhos gravados em sua superfície que, ao pressionarem simultaneamente uma fita de metal precioso deixavam nela padrões gravados, que poderiam se repetir infinitamente. Mas a ferramenta para gravação mais comum desde tempos imemoriais é o buril, que permite ao artesão uma gama extensa de possibilidades de designs gravados e, ainda, “marcar” a sua obra, já que o trabalho de gravação com buril assemelha-se ao de um calígrafo com a pena, é único e pessoal.
INTAGLIO
A técnica do intaglio pode ser feita em uma grande variedade de superfícies, incluindo as gemas e os metais preciosos, no caso da joalheria. Na Antiguidade, a técnica do intaglio era utilizada principalmente para a confecção de sinetes ou anéis com o símbolo do clã ou família. Nas gemas, esculpiam-se magníficos designs com elaborados detalhes. O intaglio era e é feito artesanalmente esculpindo-se literalmente o metal precioso ou a gema.
METAL INLAY
Através desta técnica, diferentes cores de metal precioso ou diferentes metais preciosos são “enquadrados” em uma superfície preciosa já preparada com recortes feitos pelo cinzel, ou por gravação. O Inlay pressupõe o enquadramento de metais preciosos mais macios nas cavidades de superfícies metálicas preciosas mais duras.
MOSAICO
A criação de paisagens em miniatura para decoração de joias com o emprego desta técnica existe desde o início do século XIX na Itália. A forma mais detalhada do Mosaico na joalheria é feita em Roma e é conhecida como “micro mosaicos”: a pintura é formada usando-se minúsculos tesserae (azulejos) feitos geralmente de vidro colorido, que são cimentados na peça de joalheria.
- Pietra Dura: Técnica desenvolvida em Florença, onde os tesserae são substituídos por gemas como ágata, malaquita e carneliana, que são aplicadas sobre um fundo negro. Os designs utilizados em geral são motivos florais.
NIELLO (do italiano niellatura = escurecimento)
Técnica inventada pelos antigos egípcios e espalhada pela Europa durante a Idade do Ferro, consiste na aplicação de uma liga de cor preto-esverdeada contendo prata, cobre, chumbo e enxofre, em linhas gravadas, células ou áreas escavadas na superfície metálica, que depois recebe aquecimento à baixa temperatura para aderência da liga ao metal. Depois, a superfície pode ser polida ou queimada e fica com um brilho metálico semelhante ao da gema conhecida como hematita.
PIQUÉ
Usada para decorar cascos de tartaruga primeiramente, ou chifres de animais, essa técnica insere prata, ouro ou madrepérola nas linhas abertas por designs gravados na superfície. A técnica originou-se na Itália do século XVI.
REPOUSSÉ
Consiste em formar desenhos ou padrões em uma superfície chata de metal precioso, pelo método de martelar pelo lado “avesso” da chapa de metal para delinear o desenho ou estabelecer o padão usando martelo de ourives e pinos de aço próprios para a técnica. Às vezes, nem todos os detalhes podem ser feitos pelo lado “avesso” da folha de metal, então se vira a chapa e a decoração é terminada com a complementação dos designs. Quando o método necessita desse último recurso, a ele é dado o nome de chasing (ou gravação em relevo). Desde centenas de milhares de anos, o repoussé é uma técnica que consome muito tempo, normalmente sendo usada apenas para joias significativas, sejam em tamanho ou valor.
STAMPING
A técnica consiste em criar infinitos e pequenos desenhos na cabeça de pinos de aço (anteriormente utilizava-se o ferro) que, ao serem martelados contra uma fina folha de metal precioso, formam designs. Nessa técnica o ourives também pode utilizar o método da impressão por repetição (padrões), ao criar um carimbo com determinado desenho e pressioná-lo contra a folha de metal, com a ajuda do martelo de ourives. Ainda pode criar o negativo do carimbo e utilizar ambos, de um lado e de outro da folha, para a impressão do desenho, fazendo com que o stamping fique mais acentuado. A qualidade dependerá da maestria e da criatividade do profissional.
Em muitas peças de joalheria antigas, que contam com até 7 mil anos de idade, foi utilizada a técnica do stamping que, inicialmente a olhos leigos, poder-se-ia pensar que fosse a técnica do repoussé.
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